O Baba gosta sempre de me mostrar as suas criações, desde as gastronómicas (que bem que me soube o pequeno-almoço que me ofereceu para eu poder apreciar algumas iguarias da cozinha síria!), ao artesanato, passando pela jardinagem e a agricultura.
Está em Portugal há quase nove meses e com ele vieram a esposa, dois filhos, a nora e três netos e o objetivo das minhas visitas é ajudar na aprendizagem do Português.
Ultimamente, tenho podido apreciar desenhos, ilustrações, pinturas, retratos... artes plásticas que saem das suas mãos com grande naturalidade. Isto apesar das dores nas mãos que o costumam massacrar.
Na sexta-feira passada, ofereceu-me esta pintura de uma árvore florida. Gostei logo da simplicidade das formas e do calor das cores nascidos num papel velho e inapropriado para o trabalho.
Fiquei a pensar que redutos tem a alma humana para conseguir aprisionar os medos, os traumas, as dores, e deixar que à sua volta os campos floresçam de esperança e vida.
Será a arte o grito contra a barbárie desumana?
Ou o apelo ao entendimento através de verdades inquestionáveis como a cadência das estações?
Talvez as flores que perfumam este desenho tenham sido pinceladas com sangue humano, mas não deixam de me interpelar e transmitir uma mensagem.
Só o Baba o poderá dizer. Antes de falarmos uma língua comum, vamo-nos expressando através de linguagens universais como as histórias, a pintura, a postura corporal, os gestos, a música e a comunicação do coração.
Impressões, retratos e factos presos à condição de Refugiado... Histórias de gente em movimento: fugindo do terror, sonhando com uma vida melhor, perseguindo o futuro, num mundo global
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017
segunda-feira, 23 de janeiro de 2017
«Trabalho das 8h às 16h. Tenho saudades de ser feliz.»
Mais de 187 mil crianças em idade escolar sírias refugiadas no Líbano não vão à escola.
Este testemunho faz parte de um novo documentário interativo da UNICEF chamado #imagineaschool. Há outros também impressionantes...
Jomaa, 14 anos, fugiu da Síria com os sete irmãos há quatro anos. Ganha dois dólares americanos por 12 horas de trabalho. «Esqueci como escrever e ler.»
Mohamad tem 15 anos e trabalha para sustentar a família: «Canso-me muito. Trabalho das 8h às 16h. Tenho saudades de ser feliz.»
Ao ouvi-los não consigo deixar de pensar na sorte que temos, mas ao mesmo tempo como a vida é tão dura para tanta gente... Daí ao passo «o que fazer?» vai um piscar de olhos...
Subscrever:
Mensagens (Atom)