Tive o privilégio de acompanhar a
construção uma nova ponte durante um ano. Fazia parte do meu
percurso diário passar sobre ela, pelo menos, duas vezes por dia.
Foi interessante ir vendo os preparativos, movimentações, mudanças
de sentido, percursos alternativos e tantas alterações a que
diariamente eu e os restantes condutores estávamos sujeitos. Pude
constatar diariamente que construir uma ponte dá mesmo muito
trabalho, exige muitas pessoas, cada uma com o seu saber e função.
É preciso tempo e é preciso também adaptação, paciência e
esperança de que as dificuldades que se passam servem um bem maior:
ligar as margens, unir, aproximar.
Não sei quantas pontes terá passado
este pai com o seu bebé ao colo. Não sei onde está, nem sei a sua
história. Sei que com eles há milhares de pessoas com a Vida às
Costas à espera de pontes que aproximem e que unam, aquilo que
alguns teimam em destruir.
Na segunda feira, dia em que se
celebrou o Dia Mandela, a academia UBUNTU e o Instituto Padre António
Vieira propuseram que esse fosse «um dia de construir pontes».
Nesse dia
soube-se também que «os seis países mais ricos do mundo acolhem menos de 9% do total de refugiados da terra».
De acordo com estudo da OXFAM «apenas 2
milhões e 100 mil refugiados vivem nos EUA, China, Japão, Alemanha,
França e Grã-Bretanha: as seis nações que somadas, representam
56,6% do PIB global, dão hospitalidade a 8,9% daqueles que escapam
de guerras, doenças e miséria, em busca de uma existência melhor».
Mas a mesma notícia diz que «mais da metade dos refugiados do mundo, ou seja, 12 milhões de pessoas, estão abrigadas na Jordânia, Turquia, Palestina, Paquistão, Líbano e África do Sul, países que somam, juntos, apenas 2% da economia mundial».
Não é de agora que são os que menos
têm que mais partilham. Não creio que me caiba a mim mudar as
mentalidades e políticas dos países ricos. Mas gosto de acreditar
que o pouco partilhado por muitos dá para muito mais do que o muito
dado por meia dúzia.
Fazer pontes é possível! Mudar vidas
é possível! Acolher e aproximar dá trabalho, mas vale a pena!
Hoje é dia de construir pontes! Amanhã
também e depois também! Sejamos nós os empreiteiros desta obra de
todos os dias!
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