terça-feira, 19 de julho de 2016

Hoje é dia de construir pontes

Tive o privilégio de acompanhar a construção uma nova ponte durante um ano. Fazia parte do meu percurso diário passar sobre ela, pelo menos, duas vezes por dia. Foi interessante ir vendo os preparativos, movimentações, mudanças de sentido, percursos alternativos e tantas alterações a que diariamente eu e os restantes condutores estávamos sujeitos. Pude constatar diariamente que construir uma ponte dá mesmo muito trabalho, exige muitas pessoas, cada uma com o seu saber e função. É preciso tempo e é preciso também adaptação, paciência e esperança de que as dificuldades que se passam servem um bem maior: ligar as margens, unir, aproximar.



Não sei quantas pontes terá passado este pai com o seu bebé ao colo. Não sei onde está, nem sei a sua história. Sei que com eles há milhares de pessoas com a Vida às Costas à espera de pontes que aproximem e que unam, aquilo que alguns teimam em destruir.

Na segunda feira, dia em que se celebrou o Dia Mandela, a academia UBUNTU e o Instituto Padre António Vieira propuseram que esse fosse «um dia de construir pontes».

De acordo com estudo da OXFAM «apenas 2 milhões e 100 mil refugiados vivem nos EUA, China, Japão, Alemanha, França e Grã-Bretanha: as seis nações que somadas, representam 56,6% do PIB global, dão hospitalidade a 8,9% daqueles que escapam de guerras, doenças e miséria, em busca de uma existência melhor».

Mas a mesma notícia diz que «mais da metade dos refugiados do mundo, ou seja, 12 milhões de pessoas, estão abrigadas na Jordânia, Turquia, Palestina, Paquistão, Líbano e África do Sul, países que somam, juntos, apenas 2% da economia mundial».

Não é de agora que são os que menos têm que mais partilham. Não creio que me caiba a mim mudar as mentalidades e políticas dos países ricos. Mas gosto de acreditar que o pouco partilhado por muitos dá para muito mais do que o muito dado por meia dúzia.

Fazer pontes é possível! Mudar vidas é possível! Acolher e aproximar dá trabalho, mas vale a pena!

Hoje é dia de construir pontes! Amanhã também e depois também! Sejamos nós os empreiteiros desta obra de todos os dias!

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