A Europa não tem sido
um porto seguro para as crianças e jovens refugiados. É preciso fazer alguma
coisa.
Uma investigação
recente da UNICEF em campos de refugiados no norte de França concluiu que diariamente há
crianças alvo de exploração sexual, violência, e trabalhos forçados. Os relatos
das 60 crianças entre os 11 e 17 anos são arrepiantes. Em Nem sãs nem salvas, elas traçam um quadro de abusos constantes: prostituição
forçada, violações e envolvimento em atividades criminosas.
O diretor executivo da UNICEF no Reino Unido dizia que
«estes campos não são lugares para crianças. Sabemos que, pelo menos, 157
crianças em Calais têm direito legal a estar com as suas famílias no Reino
Unido».
Daí que seja importante agir. A partir deste outono, milhares de crianças refugiadas vão
ter acesso à escola na Grécia. O primeiro-ministro fez o anúncio da contratação
de 800 professores esta semana. É uma boa decisão que só peca por tardia. Neste
momento, há mais de 57 mil refugiados naquele país. Estima-se que um terço
sejam menores.
Recentemente, uma
grega ganhou o Prémio Norte-Sul do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa. Lora
Pappa, antiga consultora do Alto Comissariado das Nações Unidas para os
Refugiados, fundou a organização METAdrasi. Trabalha intensamente com refugiados
e migrantes, especialmente menores e crianças desacompanhadas. Para isso, criou
uma equipa com quase 300 intérpretes e mediadores culturais; tem equipas que transportam
crianças desacompanhadas em segurança para instalações apropriadas para
menores. Já foram apoiadas mais de 3650 crianças. Na cerimónia de entrega do
Prémio, em Lisboa, disse tratar-se «de uma corrida contrarrelógio para criar
estruturas de acolhimento para que estas crianças, mais de 1500, não fiquem
expostas a redes de passadores e de traficantes».
Ações como estas salvam a vida de
crianças. Mas a UNICEF tem exigido ação aos governos. É preciso que eles ajam e
que nós, cidadãos, nos empenhemos e pressionemos para essa ação. As crianças
desacompanhadas devem ser uma prioridade e os seus processos analisados com
maior rapidez. Não é aceitável que fiquem muitos meses, às vezes até anos, à
espera de uma resposta ao pedido de asilo.
Nos primeiros meses deste ano, 4760
crianças atravessaram do Norte de África para Itália. Dessas, 94% estavam
sozinhas.
Foto: METAdrasi
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